O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo
Campos (PSB-PE) jantaram no domingo e reafirmaram a disposição de dividir
palanques em vários Estados para acumular forças contra a presidente Dilma
Rousseff nas eleições de 2014.
Os dois oposicionistas tentam construir com as alianças
locais uma parceria que garanta o apoio de um ao outro contra a petista no
segundo turno da eleição presidencial, se um dos dois chegar lá.
O encontro de domingo foi o primeiro entre eles desde o
anúncio da aliança de Campos com a ex-senadora Marina Silva, em outubro. Aécio
e Campos jantaram no restaurante Gero, zona sul do Rio.
A conversa fora combinada no fim de novembro e acabou
ocorrendo um dia depois de o PPS indicar que vai apoiar Campos para presidente
nas eleições de 2014.
Tradicional aliado dos tucanos, o PPS vinha sendo
pressionado pelo PSDB para evitar uma definição prematura. Mesmo assim, a
maioria dos participantes do congresso do partido no fim de semana indicou ser
favorável a uma aliança com Campos.
No jantar, em que comeram carneiro com risoto de parmesão,
Aécio e Campos constataram que precisam emagrecer um pouquinho antes de entrar
em campanha.
Os dois também trocaram impressões sobre a economia, as
perspectivas de crescimento baixo e seu impacto sobre o desempenho de Dilma na
campanha à reeleição.
Segundo a Folha apurou, ambos avançaram nas negociações
sobre apoios mútuos em dois Estados prioritários, Pernambuco e Minas Gerais.
Aécio, que governou Minas Gerais por dois mandatos antes de
se eleger senador, ainda não tem candidato definido no Estado, mas conta com o
apoio do PSB de Campos.
Campos, por sua vez, quer garantias de que o PSDB não
lançará um nome competitivo contra seu candidato a governador em Pernambuco.
Nenhum dos dois quer correr o risco de sofrer uma derrota em
seu principal reduto eleitoral no próximo ano.
Ainda ontem, Aécio encontrou-se em São Paulo com o deputado
estadual Daniel Coelho (PSDB-PE), um dos principais adversários de Campos em
Pernambuco. Aécio e Campos acham possível dividir o mesmo palanque em pelo
menos 12 dos 27 Estados.
São Paulo
Um fator que pode complicar a aproximação dos dois
presidenciáveis é a atuação de Marina Silva, que também tem costurado alianças
em alguns lugares e defende candidaturas próprias em Estados com grande
densidade eleitoral, como São Paulo.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB), que concorrerá à
reeleição no ano que vem, conta com o PSB a seu lado e já comunicou ao partido
seu desejo de ter o apoio de Marina no primeiro turno.
A hipótese é considerada improvável, segundo interlocutores
da ex-senadora, que entrou no PSB depois que a Justiça barrou a criação do
partido que ela tenta organizar, a Rede Sustentabilidade.
No jantar de domingo, Aécio e Campos concluíram que é melhor
esperar o cenário em São Paulo se definir melhor antes definir ações conjuntas.
No sábado, num encontro regional da Rede, aliados de Marina se manifestaram
contra o apoio a Alckmin.
Aliados de Campos também têm manifestado dúvidas sobre a
aliança com os tucanos em São Paulo, por temer o risco de que ela
"envelheça" sua imagem.
Questionado por jornalistas, Campos disse ontem que o jantar
com Aécio foi obra do acaso: "Terminei [um compromisso], fui jantar, e lá
encontrei Aécio, que tinha ido jantar. Aí sentamos na mesa, conversamos um
pouco, tomamos um café".
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