Depois de dizer que está "no jogo", o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou que será um caixeiro viajante
para reeleger sua sucessora, Dilma Rousseff. "Quero ser a metamorfose ambulante
da Dilma", afirmou ele, em entrevista aos jornais do Grupo Diários
Associados, que circulam na capital federal.
A cúpula do PT só aguarda a definição do quadro partidário,
nesta semana, para montar uma agenda de viagens para Lula. Pela lei, o prazo de
filiação para quem quiser disputar a eleição do ano que vem termina no sábado,
5. Lula não ficará na coordenação da campanha de Dilma, mas deixou claro o que
todos já sabiam no meio político: pedirá votos para a presidente, muitas vezes
se revezando com ela nos palanques.
"Eu vou percorrer o Brasil como se eu fosse
candidato", afirmou Lula. "Se ela não puder ir para o comício num
determinado dia, eu vou no lugar dela. Se ela for para o Sul, eu vou para o
Norte. Se ela for para o Nordeste, eu vou para o Sudeste. A única coisa que eu
não vou fazer é cantar, porque sou desafinado, mas, no resto, ela pode contar
comigo."
A estratégia do "revezamento" já foi usada por
Lula no fim da campanha de 2010, quando ele lançou Dilma à Presidência. Essa
"divisão de tarefas" sempre foi defendida pelo marqueteiro João
Santana como forma de multiplicar a propaganda petista.
Na entrevista, o ex-presidente também avisou que não
aceitará divisões no PT em relação a Dilma, enterrando de vez o "Volta
Lula", entoado por setores do partido. "Se houver alguém que se diz
lulista, e não dilmista, eu o dispenso de ser lulista", insistiu. "Eu
não estou pedindo que as pessoas gostem dela. Eu quero que as pessoas a
respeitem na função institucional e saibam que o PT está lá para apoiá-la."
Campos e Aecio Neves. Na avaliação de Lula, o PT e
integrantes do governo erraram ao empurrar o governador de Pernambuco, Eduardo
Campos (PSB), para fora da base aliada. "Foi um prejuízo para a gente ter
o PSB, e sobretudo o Eduardo, do outro lado", disse o ex-presidente. Mesmo
assim, ele afirmou não dar "de barato" que Campos - presidente do PSB
- dispute o Palácio do Planalto com Dilma, no ano que vem.
"Eu não dou de barato que as coisas estão definidas na
eleição. Nem para o Eduardo Campos ser candidato nem para o Aécio Neves ser
candidato. Sabe-se lá o que o (José) Serra vai tramar contra o Aécio
Neves?", argumentou Lula.
O senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, é o
pré-candidato tucano à sucessão de Dilma, mas dirigentes petistas acham que o
ex-governador José Serra (PSDB) poderá desbancá-lo do posto. O presidente do
PPS, deputado Roberto Freire (PE), ainda nutre esperanças na saída de Serra do
PSDB. Freire quer dar legenda a Serra para que ele possa novamente concorrer ao
Planalto.
Para Lula, a ex-senadora Marina Silva tem o direito de criar
um partido, mas precisa assumir que está entrando nesse jogo. "Tem de ter
coragem de dizer que é partido, não tem de inventar outro nome, dizer que não é
partido, é uma rede. É partido e vai ter deputado, como todo partido",
provocou o ex-presidente, numa referência à Rede Sustentabilidade, como Marina
batizou a sigla que pretende criar.
Marina foi ministra do Meio Ambiente do governo Lula e
deixou o cargo em maio de 2008, após desentendimentos com Dilma, que então era
chefe da Casa Civil.
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