A Rede Sustentabilidade, o novo partido da ex-verde Marina
Silva, tem apenas mais uma semana para viabilizar seu registro na Justiça
Eleitoral. As expectativas não são muito otimistas, apesar do esforço final dos
marinistas – inclusive de algumas estrelas globais, como o ator Marcos
Palmeira. Segundo o procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão, não haverá
“nenhuma concessão” para que a sigla seja criada fora dos parâmetros legais.
Diante deste risco real, crescem as especulações sobre o futuro de Marina
Silva, que obteve quase 20% dos votos na última eleição presidencial.
Na semana passada, o pequeno Partido Ecológico Nacional
(PEN) propôs trocar o nome da legenda para Rede caso a ex-senadora aceite
disputar a sucessão de 2014 pela sigla. O PPS de Roberto Freire e até o
descartado PV também sinalizaram que poderiam aceitá-la como candidata, desde
que seu grupo não controle as respectivas máquinas partidárias. A mais curiosa
proposta, porém, tem sido ventilada por alguns líderes tucanos. Eles defendem
que Marina Silva seja vice na chapa encabeçada por Aécio Neves, o
presidenciável tucano em 2014.
Aécio Neves afirmou que a Rede é vítima de perseguição
política e disse: o país “merece ter uma alternativa como Marina”. Já o
ex-presidente FHC, guru da oposição de direita, disse à jornalista Sônia Racy,
do Estadão, que a ex-verde é uma “liderança moral”. O processo de sedução é
intenso, mas dificilmente Marina Silva aceitaria ser vice na chapa do PSDB caso
seu novo partido não consiga garantir o registro até 5 de outubro. Não por
razões políticas e ideológicas, mas apenas por cálculos eleitorais e
pragmáticos.
Do ponto de vista programático, não há muita diferença entre
certos marinistas e a cúpula tucana. Na sucessão passada, as duas forças
inclusive mantiveram intensos contatos, conforme registrou a Folha em junho de
2011: “Às vésperas da campanha de 2010, a presidenciável Marina Silva (PV)
enviou aliados para um encontro sigiloso com o candidato José Serra no
apartamento do ex-presidente FHC em Higienópolis… A conversa na casa de FHC
ocorreu em fevereiro de 2010, quando os tucanos ainda sonhavam com a
possibilidade de Marina ocupar a vice na chapa de Serra”.
No livro “O efeito Marina”, o deputado Alfredo Sirkis,
coordenador da campanha marinista em 2010, até dá detalhes desta “reunião
secreta”. Ele não trata da questão da vice e diz que o encontro teve como
objetivo negociar o palanque duplo de apoio a Fernando Gabeira (PV-RJ). Lembra
que a reunião até começou tensa. “Serra chegou muito desconfiado. Deixou seu
celular em outro quarto, alegando que havia grampos capazes de monitorar
conversas até por aparelhos desligados”, relata Sirkis. A conversa só foi
aliviada graças à “contagiante simpatia” do anfitrião FHC.
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